Por fim, considerando o desenvolvimento de políticas de promoção e ampliação da diversidade, há disparidades entre os diferentes níveis hierárquicos para todos os marcadores analisados. A maioria dos Institutos e Fundações manifestaram não ter políticas para promover e ampliar a diversidade — de gênero, raça, pessoas com deficiência etc. — nos conselhos deliberativos (81%) e em suas equipes (55%).

Analisando a perspectiva racial, 15% das organizações contam com políticas para promoção e ampliação da diversidade no conselho nesse quesito, embora, para equipes, o percentual é cerca de três vezes maior, 47%. O mesmo se passa na perspectiva de gênero: apenas 19% das organizações contam com políticas para promoção e ampliação da diversidade do conselho nesse tema, e 45%, para equipes.

Os dados apontam para uma disposição das organizações em construir mecanismos institucionais para promover e ampliar a diversidade de raça e gênero em se tratando de equipes, mas esse movimento não transborda para instâncias de decisão, como os conselhos deliberativos.

GRÁFICO 5.10 – VOLUME DE RECURSOS, POR PRESENÇA DE PESSOAS NEGRAS OU INDÍGENAS NO CONSELHO DELIBERATIVO, 2022

As desigualdades de gênero, raça, sexualidade, território, entre outras, requerem que organizações do ISP adotem práticas contundentes para seu enfrentamento, e o primeiro passo desse processo é garantir a presença de diferentes grupos nas organizações em todos os níveis hierárquicos, pois a mudança efetiva não pode ser realizada na ausência dessas vozes – sob o risco de reprodução e perpetuação do status quo dos grupos historicamente privilegiados.

A diversidade na composição dos conselhos e equipes visa responder a um inadiável imperativo de se ter refletido nas organizações do ISP um perfil mais próximo ao da população brasileira. Esse movimento concorre para a construção de programas e projetos mais assertivos para os desafios da sociedade, isto é, reconhece que organizações com perfis pouco diversos encontram limites para propor iniciativas direcionadas ou interseccionais, e por conseguinte, com menor capacidade de impacto estrutural junto aos públicos-alvo e territórios.

Nesse sentido, reforça-se a necessidade de estruturação de mecanismos institucionais que apoiem a diversidade em seus diferentes temas dentro das organizações, visando a redistribuição de poder e promovendo caminhos de mudança mais equitativos para os problemas sociais enfrentados.

GRÁFICO 5.11 – ORGANIZAÇÕES, POR POLÍTICAS PARA PROMOÇÃO E AMPLIAÇÃO DA DIVERSIDADE NOS CONSELHOS DELIBERATIVOS, 2022
GRÁFICO 5.12 – ORGANIZAÇÕES, POR POLÍTICAS PARA PROMOÇÃO E AMPLIAÇÃO DA DIVERSIDADE NAS EQUIPES, 2022