Alinhamento com o negócio
O alinhamento entre o investimento social e o negócio vem sendo percebido pelo setor como uma tendência, aproximando o diálogo entre os movimentos de sustentabilidade e responsabilidade social empresarial da atuação de institutos e fundações de origem principalmente empresarial, ainda que esse deslocamento possa também impactar institutos e fundações familiares que tenham vínculos com empresas das famílias mantenedoras. Os caminhos percorridos por empresas e seus institutos e fundações, nesse sentido, não têm sido homogêneos, na medida em que apresentam tensões, desafios e contornos diversos, ao mesmo tempo que expõem oportunidades de fortalecimento mútuo.
ORGANIZAÇÕES PERCEBEM MAIOR ALINHAMENTO ENTRE O INVESTIMENTO SOCIAL E O NEGÓCIO
Quando perguntadas a respeito de sua percepção sobre o alinhamento entre o investimento social e o negócio da empresa mantenedora nos últimos dois anos, 44% das organizações apontaram um movimento de ampliação.
Como esperado, esse valor é influenciado principalmente por empresas, nas quais a percepção de aumento prevalece para 71% dos respondentes, e por institutos e fundações empresariais, dos quais apenas 3% indicaram diminuição do alinhamento no último biênio. No último caso, predomina a impressão de que o alinhamento permaneceu igual em 25% das organizações.
Gráfico 19: Organizações por percepção de alinhamento entre ISP e o negócio das empresas mantenedoras nos últimos dois anos*
Ainda que 43% dos respondentes orientem seu planejamento e atuação pela percepção de que há um aumento de cobrança na sociedade sobre o papel e atuação das empresas, uma parcela menor de organizações (39%) o faz a partir do entendimento de que o investimento social favorece e qualifica a aproximação de empresas com causas e demandas da sociedade, influenciando decisões de negócio; outros 20% discutem essa pauta apenas pontualmente. Contudo, cerca de metade (48%) dos respondentes considera em seu planejamento ou orienta sua atuação pela visão de que é preciso desenvolver formas transparentes e éticas de associar evidências de resultados positivos da atuação do ISP à marca da empresa. O tema menos presente nas organizações (25%) é a ideia de que a mitigação de impacto não é aceita como uma forma de investimento social. Na visão de como o alinhamento pode contribuir com a empresa, 41% das organizações orientam seu planejamento e atuação pelo entendimento de que a articulação do ISP com as áreas de recursos humanos de empresas tem potencial para estimular políticas internas inclusivas e interesse social dos colaboradores.
Gráfico 20: Organizações por pautas relativas ao alinhamento entre o ISP e o negócio das empresas mantenedoras*
Em relação à participação dos respondentes no investimento não voluntário realizado pelas respectivas empresas mantenedoras, 5% afirmam contribuir com aspectos estratégicos, outros 4% revelam executar algumas atividades relacionadas, enquanto somente 2% indicam ser diretamente responsáveis pelas iniciativas. Interessante notar que esses percentuais eram bastante próximos em 2016 e, portanto, mantiveram-se estáveis. É mais comum que as áreas que realizam investimentos sociais nas empresas contribuam com os investimentos sociais compulsórios, seja zelando por aspectos estratégicos ou como responsáveis por algumas atividades (24% dos casos).
Gráfico 21: Organizações por influência no ISP não voluntário realizado pelas empresas mantenedoras*
Os indicadores analisados podem sugerir a existência de outra institucionalidade, que dificulta a influência dos respondentes nos investimentos não voluntários das empresas, ou indicar uma decisão deliberada das empresas de manter a separação entre investimentos voluntários e não voluntários. Nesse sentido, chama a atenção o fato de que nenhuma área responsável pelos investimentos sociais nas empresas tenha se declarado como diretamente responsável pelas ações implementadas em decorrência de investimentos não voluntários.