Censo GIFE 2018

5 Infográfico

Colaboração e filantropia colaborativa

A colaboração tem ganhado mais espaço no campo do investimento social. Há uma compreensão cada vez mais ampla de que é preciso trabalhar de forma mais colaborativa. Ainda que haja diversos desafios a serem superados, ela tem sido um elemento-chave no horizonte de uma filantropia e um investimento social cada vez mais estratégicos. A ação colaborativa aparece de formas diversas e a filantropia colaborativa é uma dessas formas. Tem como pré-requisito a participação de, no mínimo, dois atores da filantropia, com envolvimento de recursos financeiros na mobilização, coordenação, alocação e/ou gestão de recursos privados para produção de bem público. Os dados do Censo GIFE ajudam a compreender como o campo tem colaborado e onde ainda é preciso avançar.

Esse infográfico utiliza as conceituações e classificações da publicação Filantropia Colaborativa,
3º volume da série Temas ISP, produzida pelo GIFE e
que aprofunda temas centrais para o campo do investimento social.
Acesse a publicação para conhecer mais sobre colaboração e filantropia colaborativa.

Dimensão 1: a colaboração no fazer individual
Segundo a publicação Filantropia Colaborativa, essa dimensão
pode ser vista como a porta de entrada para a colaboração. É posta
em prática quando as organizações entendem a importância de ouvir
e incluir olhares diversos, incorporando elementos de colaboração no
processo de escuta para tomada de decisões em diferentes esferas.

Colaboração no fazer individual:

Ações de colaboração centradas no
fazer individual dos investidores sociais

Em geral, sem recursos financeiros envolvidos
Colaborações consultivas e/ou pontuais
Iniciativas colaborativas em geral sem investimento/ coinvestimento
Exemplos:
  • atores externos convidados para alguma instância de gestão (conselhos consultivos ou deliberativos da organização)
  • atores externos convidados para escuta sobre projeto, programa ou iniciativa da organização
  • atores externos convidados para seleção de um edital da organização
Participação em espaços, como:
  • grupos de trabalho
  • redes
  • coalizões
  • alianças
  • conselhos
  • outros espaços de troca de conhecimento/ experiências/ networking
Atores externos participam menos de
instâncias de decisão mais perenes,
efetivas e institucionalizadas
Organizações por participação de stakeholders nas instâncias de tomada de decisão (2018)
72% 38% 29% 17% 10% 9% 5% 5% 3% 2% 28% 16% 12% 13% 16% 23% 23% 7% 5% 3% 22% 19% 35% 35% 34% 35% 35% 46% 38% 7% 17% 17% 15% 17% 28% 23% 20% 32% 37% 10% Conselho deliberativo/conselho curador/órgãos deliberativos Conselhos consultivos/outros grupos formalmente estruturados Não participam de processos decisórios Não se aplica (não há stakeholders deste tipo) 17% 4% 32% 32% 30% 39% 39% 21% 22% 29% Grupos de trabalho ou outras instâncias informais
Stakeholders externos Membros da família mantenedora* Acionistas da(s) empresa(s) mantenedora(s) Colaboradores da(s) empresa(s) mantenedora(s) Representantes de empresas, institutos e fundações parceiros ou coinvestidores Representantes de outras OSC (não beneficiárias ou parceiras) Representantes de OSC beneficiárias ou parceiras Representantes de órgãos da administração pública Beneficiários diretos Voluntários da organização ou da(s) empresa(s) mantenedora(s) Especialistas ou indivíduos atuantes em causas e temas relacionados com a missão da organização

Notas: *Alternativa válida somente para institutos e fundações familiares.
Fonte: Censo GIFE 2018, GIFE.

Segundo a publicação Filantropia Colaborativa, destaca-se
também nessa dimensão a participação da organização em grupos,
redes e outros espaços coletivos, com o objetivo principal de
aprimorar a sua atuação ou no âmbito de seus projetos ou
programas. Iniciativas colaborativas que podem ser classificadas
nessa primeira dimensão normalmente não envolvem aporte de
recursos financeiros ou coinvestimento por parte dos participantes,
ainda que eventualmente possam produzir algo em conjunto.

92 %

dos investidores
sociais integram
redes ou grupos
Metade das organizações afirma
participar ativamente em mais de um
espaço colaborativo de forma regular
Organizações por forma de participação em redes ou grupos (2018)
Integra uma ou mais redes ou grupos, participando regularmente de projetos/ programas, grupos de trabalho etc. Integra uma ou mais redes, assumindo papéis em sua estrutura de governança Integra uma ou mais redes ou grupos, com participação esporádica Aporta recursos financeiros ou materiais para viabilizar projetos/ programas de redes ou grupos Aporta recursos financeiros ou materiais para assegurar o fortalecimento institucional/ gestão de redes ou grupos Integra uma ou mais redes ou grupos, apoiando na divulgação/ comunicação 23% 29% 32% 35% 36% 50%

Fonte: Censo GIFE 2018, GIFE.

Entre os tipos de investidores, é mais
frequente a atuação em redes ou grupos
por meio da participação regular em
projetos, programas ou grupos de
trabalho, a exceção são as empresas, em
que é mais comum o aporte de recursos
financeiros ou materiais.

72 %

dosinstitutos e fundações
independentes atuam em redes de
forma regular,a maior participação
entre os tipos de investidores
Organizações por participação em redes ou grupos e tipo de investidor (2018)
Os papéis exercidos pelos
investidores sociais nos
grupos e redes que
integram, bem como o seu
aporte nesses espaços são
bastante variáveis e diversos.
97% 94% 90% 89% Inst./Fund. Familiar Inst./Fund. Empresarial Inst./Fund. Independente Empresa

Fonte: Censo GIFE 2018, GIFE.

Integra uma ou mais redes ou grupos, participando regularmente de projetos/ programas, grupos de trabalho etc. Integra uma ou mais redes, assumindo papéis em sua estrutura de governança Integra uma ou mais redes ou grupos, com participação esporádica Aporta recursos financeiros ou materiais para viabilizar projetos/ programas de redes ou grupos Aporta recursos financeiros ou materiais para assegurar o fortalecimento institucional/ gestão de redes ou grupos Integra uma ou mais redes ou grupos, apoiando na divulgação/ comunicação Outros Não integra redes ou grupos 35% 29% 29% 41% 41% 18% 0% 6% 46% 39% 35% 28% 30% 29% 0% 10% 55% 31% 48% 38% 24% 21% 3% 3% 72% 39% 22% 28% 17% 6% 0% 11% Inst./Fund. Familiar Inst./Fund. Independente Inst./Fund. Empresarial Empresa

Fonte: Censo GIFE 2018, GIFE.

Organizações por participação em redes ou grupos por e faixa de investimento (2018)
Quanto menor a faixa de investimento, maior a parcela de organizações que não se articula em redes ou grupos 100% dos investidores com faixa de investimento acima de R$ 20 milhões fazem parte de redes ou grupos Até R$ 6 milhões Mais de R$ 6 milhões a R$ 20 milhões Mais de R$ 20 milhões a R$ 50 milhões Mais de R$ 50 milhões Não informou Integra redes ou grupos Não Integra redes ou grupos 100% 100% 100% 0% 0% 0% 9% 91% 86% 14%

Fonte: Censo GIFE 2018, GIFE.

Na atuação em rede, as organizações
valorizam mais ganhos coletivos do
que ganhos individuais
52%das organizaçõesvaloriza
troca de conhecimentoou
informação na participação
em redes ou grupos
Há uma leve prevalência de organizações
que buscam conhecimento e articulação
em detrimento do desenvolvimento de
iniciativas concretas...
...mas a crença na atuação compartilhada e articulação com outros
atores e nas articulações e conexões possíveis estão entre os
atributos mais destacados pelas organizações. Dentre todas as
opções, a oportunidade de conexão com organizações de perfis
diferentes é a menos valorizada pelos investidores sociais.
Organizações por atributos valorizados na participação em redes ou grupos (2018)
Troca de informações ou conhecimento Oportunidade de desenvolver iniciativas ou projetos/ programas com outras organizações Articulação com outros atores e conexão com possíveis parceiros (networking) Crença na atuação compartilhada para o alcance de objetivos comuns Qualificação e fortalecimento da atuação da organização Fortalecimento e disseminação das causas da organização Ampliação da possibilidade de incidência em ações de advocacy Oportunidade de conexão com organizações de diferentes perfis Não integra redes ou grupos 8% 6% 16% 26% 34% 44% 46% 47% 52%

Fonte: Censo GIFE 2018, GIFE.

5 das 11 organizaçõesque
não participam de redes ou
gruposseguem diretriz
institucional
Colaborar pode ser difícil,
dispendioso e requer
paciência e humildade para
a construção coletiva
Além de explicar alguns motivos pelos quais 8%
das organizações não participam de redes ou
grupos, os fatores a seguir também evidenciam
alguns dos desafios mais importantes da
colaboração.
Organizações que não participam de redes ou grupos por principal motivo para não participar (2018)

Fonte: Censo GIFE 2018, GIFE.

Colaboração com OSC e poder público
OSC são as principais
parceiras dos
investidores sociais

67 %

dos investidores sociais
repassam recursos financeiros
para OSC,seja diretamente ou
via fundos

62 %

indicam terOSC locais
como parceirasem seus
projetos/ programas
Conheça mais sobre a relação com OSC no infográfico
Grantmaking: avanços do campo no financiamento a terceiros
Organizações do poder público aparecem como o segundo
principal tipo de parceiro dos investidores.

De forma geral, os parceiros locais (sejam OSC ou atores
governamentais) são priorizados, com exceção dos
coinvestidores nacionais/ regionais, que foram citados por
um percentual maior de organizações do que os locais.
Organizações por tipo parceiro existente nos três projetos ou programas mais representativos (2018)
OSC Locais Outras instituições locais OSC ou outras instituições nacionais/regionais Poder público municipal Poder público estadual Poder público federal Coinvestidores nacionais/regionais Outros Coinvestidores locais Desconhece a informação já que os parceiros são determinados pela organização apoiada Fundos públicos municipais e outros Não conta com organizações parceiras Associações ou fundações internacionais, bancos e instituições de fomento, agências de cooperação internacional ou organismos internacionais 17% 2% 22% 17% 10% 14% 23% 20% 29% 56% 45% 57% 62%

Fonte: Censo GIFE 2018, GIFE.

Institutos e fundações
independentes são o tipo de
investidor social que tem
menos parcerias com o
poder público, em qualquer
esfera (municipal 22%,
estadual 17% e federal 17%).
A parceria internacional é
mais recorrente em
institutos e fundações
independentes (33%) e
familiares (21%).
Parceria com
coinvestidores nacionais/
regionaissão mais comuns
entre institutos e
fundações familiares (38%)
e independentes (39%).
Vale destacar que a concepção sobre quem são considerados parceiros e seu papel nos
projetos pode ser bem diversa indo de algo menos formalizado e mais consultivo até algo
com maior formalização e construção conjunta, envolvendo ou não a transferência de
recursos financeiros.

Entre os investidores sociais empresariais (empresas e institutos e fundações empresariais)
que responderam à pesquisa BISC, ? Pesquisa anual, realizada pela Comunitas, que traça parâmetros e comparações sobre o perfil do investimento social privado empresarial no Brasil, acompanhando a evolução dos compromissos sociais das empresas participantes. Em parceria com o Censo GIFE, contribui para a construção de uma visão integrada desse setor. organizações sem fins lucrativos são as principais
parceiras e as parcerias se dão principalmente nos temas de educação (77%), esporte e lazer
(62%), geração de renda (54%) e desenvolvimento comunitário (54%).
Mais detalhes estão apresentados no infográfico Censo GIFE
e BISC: um panorama do investimento social.
Dimensão 2: a filantropia colaborativa
Segundo a publicação Filantropia Colaborativa, essa dimensão engloba
diversos arranjos colaborativos que têm como pré-requisito a participação
de pelo menos dois atores da filantropia ? Organizações e pessoas que possuem recursos para doar. Podem ser chamados de investidores sociais privados.

São atores que aportam recursos para produção de bem público e, portanto, podem fazer filantropia colaborativa: institutos e fundações empresariais, familiares, independentes e empresas (respondentes do Censo GIFE 2018), fundos, family offices que gerem patrimônio de famílias e indivíduos para doação, famílias de alta renda que fazem grandes doações e indivíduos que fazem doações de volumes variados.
com envolvimento de recursos
financeiros em pelo menos uma das seguintes esferas:
Colaboração na
mobilização de recursos
financeiros privados para
a produção de bem
público
Colaboração na
coordenação, alocação e/ ou
gestão de recursos
financeiros privados para
produção de bem público
São diversas as possibilidades de arquiteturas e modos de fazer
colaborativos que somam esforços e recursos das organizações
do investimento social privado. Esses variados espaços, modelos
ou formatos de filantropia colaborativa podem ser agrupados
em três diferentes grupos:
Grupo 1
Espaços colaborativos de coinvestimento

formatos em que existe
uma intencionalidade
deliberada dos seus
participantes em se
articular e colaborar

Grupo 2
Espaço de mobilização e gestão de recursos filantrópicos

formatos que têm foco
primordial mobilizar
recursos de forma
colaborativa, ampliando a
base de doadores, e/ ou
gerir recursos filantrópicos

Grupo 3
Fundos filantrópicos

arquiteturas que abrigam uma
combinação de recursos, tendo
um mandato definido e uma
governança estabelecida e
podendo se estruturar de
diversas formas. Pode ter foco
em causas e/ ou territórios
específicos e apoiam
principalmente projetos
de terceiros

Os formatos que compõem o grupo 1 estabelecem
procedimentos de coordenação de investimentos
ou de coinvestimento realizados de maneiras
e intensidades que podem ser muito variadas.
71% dos investidores sociais que
responderam ao Censo GIFE 2018 têm
iniciativas de coinvestimento ? Coinvestimento é realizado por investidores sociais privados para o desenvolvimento de iniciativas conjuntas. Financiadores podem investir juntos – com o mesmo montante de recursos ou não - para apoiar uma iniciativa ou organização específica, em escalas muito variadas. Os financiadores também podem investir em conjunto para criar um novo projeto ou uma nova organização, porque entendem que é necessária uma nova iniciativa (projeto ou organização) para responder a um desafio concreto dentro de uma temática ou território.
Organizações por realização de coinvestimento (2014, 2016 e 2018)
2018 Não realizou coinvestimento Realizou coinvestimento 69% 70% 71% 2014 2016 31% 30% 29%

Fonte: Censo GIFE 2018, GIFE.

Os investidores sociais utilizam,
em média, mais de 3 formatos
de coinvestimento
Ainda que na publicação Filantropia Colaborativa, o coinvestimento refira-se
ao aporte de recursos financeiros, é possível compreender que o coinvestimento
pode se dar em diversos formatos, com os investidores sociais também
aportando recursos não financeiros. Assim é mais frequente o coinvestimento
via disponibilização de networking, compartilhamento de metodologias e
conhecimento ou atuação em rede do que coinvestimentos que envolvem o
repasse de recursos financeiros para outras organizações ou iniciativas.
Organizações por modelos de coinvestimento adotados no ISP (2018)
Não realizou coinvestimento De outra maneira Cede ou recebe equipamentos/ recursos tecnológicos/ produtos Aporta ou recebe recursos humanos Aporta recursos financeiros sem critérios específicos para definir o valor Contribui com ações de advocacy para projetos/ programas ou para causas em comum Recebe recursos financeiros Intermedeia/ facilita acesso a meios de comunicação para dar visibilidade ao projeto/ programa Aporta recursos financeiros em estratégias de matching Aporta ou recebe know-how, métodos e/ ou experiências Promove networking ou outras atividades de articulação Participa de rede de investidores sociais privados que contam com agenda própria de atividades 6% 11% 29% 2% 15% 18% 38% 33% 20% 22% 23% 40% 44%

Fonte: Censo GIFE 2018, GIFE.

Grupo 1: espaços colaborativos de coinvestimento entre investidores sociais
focados na coordenação, alocação e/ou gestão dos recursos
44%das organizaçãoesdesenvolve projetos
conjuntamente com outras organizações,
compartilhando autoria, governança e
processos de tomada de decisão
Segundo a publicação Filantropia Colaborativa, esse
grupo inclui diversos formatos de filantropia
colaborativa, como:
Giving circles

Círculos de doação, em tradução livre, reúnem indivíduos com um interesse em
comum – neste caso, a doação, além de uma causa comum – que aportam seus
recursos financeiros e decidem, em conjunto, onde esses recursos serão utilizados.

Espaços de coordenação de investimentos

São criados por investidores sociais que atuam em uma mesma causa ou território e criam um espaço para
compartilharem informações sobre as suas estratégias de atuação, prioridades, dados e informes sobre a
alocação dos seus recursos, com o objetivo de complementar e coordenar as iniciativas que promovem.

Redes, Coalizões e Alianças

Se caracterizam de forma geral por agregar organizações e pessoas com interesses comuns que
decidem atuar de forma conjunta. Podem ter estruturas de governança e gestão bastante variadas,
assim como a quantidade e perfil dos seus membros, mas normalmente estão pautadas pela
existência de um planejamento definido para a concretização de estratégias e ações. São iniciativas de
filantropia colaborativa quando envolvem coinvestimento de vários de atores da filantropia que delas
participam para realizar as ações que desenvolvam.

Coinvestimento em projetos, programas ou organizações – novos ou existentes

Financiadores investem juntos – com o mesmo montante de recursos ou não - para apoiar uma
iniciativa ou organização específica ou para criar um novo projeto ou uma nova organização.

Financiamento de financiadores

Os financiadores investem em outro financiador com forte experiência em um tema ou
território para que ele distribua os recursos.

Parcerias público-privadas

São parcerias formadas entre governo e organizações privadas para fornecer serviços, benefícios sociais
específicos, construir, aprimorar, acompanhar, medir ou implementar políticas públicas, geralmente em tema/
iniciativa específica. São iniciativas de filantropia colaborativa quando envolvem pelo menos dois atores da
filantropia que juntos aportam recursos e colaboram entre si e com alguma instância governamental.

Outras parcerias intersetoriais (entre investidores sociais privados e academia ou cooperação internacional)

Iniciativas de coinvestimento entre atores da filantropia em parceria com outros setores. São iniciativas de filantropia
colaborativa quando envolvem pelo menos dois atores da filantropia que, juntos, aportam recursos e colaboram entre si e com
outros parceiros, como academia, setor privado ou cooperação internacional. Esses outros atores não filantrópicos podem
participar da colaboração aportando recursos financeiros ou de outros tipos, como recursos humanos, conhecimento específico
em uma temática, infraestrutura, articulação e etc.

Impacto Coletivo

Iniciativas de impacto coletivo podem ser definidas como compromissos de longo prazo de um grupo relevante de atores de
diferentes setores, incluindo atores variados da filantropia, que estão envolvidos em uma agenda comum para resolver um
problema social específico. As ações são apoiadas por um sistema de medição compartilhado, atividades que se reforçam
mutuamente, comunicação contínua e contam com uma organização independente que articula, mobiliza e coordena a ação
conjunta.

Cinco características principais descrevem uma iniciativa de impacto coletivo:

  • agenda comum;
  • um sistema de medição compartilhado;
  • atividades que se reforçam mutuamente através da atuação de todos os participantes de forma complementar e sempre tendo
    em conta o conjunto das ações;
  • comunicação continua;
  • uma organização com uma infraestrutura adequada e uma equipe dedicada que centraliza a gestão geral, funcionando como
    espinha dorsal da iniciativa.
Grupo 2: espaços de mobilização e gestão de recursos filantrópicos
Segundo a publicação Filantropia Colaborativa, nesse grupo
estão as organizações e estratégias criadas a partir do
desenvolvimento de novas arquiteturas para mobilizar recursos
de forma colaborativa para ações de interesse público. O
propósito fundamental é a mobilização de recursos, com
formatos muito variados para a sua gestão.
24%das organizaçõesutilizam novos
mecanismos, recursos ou serviços
financeiros no repasse de recursos à
OSC,como crowdfunding e matching
Crowdfunding ou financiamento coletivo

forma de captar recursos financeiros para uma causa específica ou projeto, solicitando que um grande número de pessoas aporte recursos (via doações empréstimos ou investimentos), normalmente de valores baixos, durante um período relativamente curto de tempo – geralmente entre 1 e 3 meses. Campanhas de crowdfunding são realizadas virtualmente, em plataformas específicas para essa modalidade.

Matching ou doação cruzada/ impulsionada

são doações vinculadas à mobilização de recursos de outras fontes em uma proporção previamente determinada. Ao adotar uma estratégia de matching, investidores sociais comprometem-se a doar uma, duas, três, ou X vezes os recursos arrecadados por outras fontes, que podem ser únicas e específicas ou diversas e indeterminadas.

Organizações gestoras de recursos filantrópicos

são organizações que se constituem com a missão de mobilizar, gerir e distribuir recursos. Com estratégias e modos de funcionamento diversos, elas captam recursos com empresas, indivíduos de alta renda ou população em geral e repassam para projetos, territórios ou outras organizações para o desenvolvimento de iniciativas de fim público.

Organizações por proporção de recursos repassados a OSC via novos
mecanismos ou serviços financeiros para o campo social (2018)

Grupo 3: fundos filantrópicos
Segundo a publicação Filantropia Colaborativa, fundos filantrópicos são formatos que
abrigam uma combinação de recursos filantrópicos e de investimento social, com um
mandato definido e uma governança estabelecida e que, assim, combinam recursos de
fontes diversas para o apoio a iniciativas de interesse público.

Fundos filantrópicos são um formato eficaz para mobilizar recursos financeiros para
uma causa específica. Eles facilitam a colaboração e o co-financiamento entre as partes
interessadas, oferecendo aos doadores um meio simples para promover o impacto de
seus investimentos sociais alinhados às suas agendas temáticas. Quando constituídos
com essa abordagem, fundos filantrópicos são iniciativas de filantropia colaborativa.
Existem
Fundos que são organizações

focados em causas ou territórios específicos, constituiem-se através da captação/ mobilização de recursos de fontes variadas e atuam principalmente via grantmaking, apoiando projetos de terceiros, podendo atuar com projetos próprios quando realizam ações de advocacy relacionadas ao seu foco de atuação.

Fundos criados e geridos por uma organização

contam com o aporte de investidores diversos, que de alguma forma estão coinvestindo em uma causa ou território dirigidos a um fundo gerido por uma organização, que selecionará iniciativas variadas para apoiar por meio de um processo de seleção.

11 %

dos investidores sociais
repassam recursos
financeiros a fundos
Dimensão 3: investindo em colaboração
Segundo a publicação Filantropia Colaborativa, essa dimensão se refere a ações
relacionadas ao investimento em colaboração, quando, do ponto de vista do
investidor social, a decisão fundamental é aportar recursos em algo que seja
colaborativo na sua essência. Aqui os investidores têm o entendimento de que o
investimento em colaboração é uma estratégia importante para alcançar
determinados resultados.

Investir em colaboração:

Apoio financeiro de investidores
sociais a iniciativas de colaboração

Com recursos financeiros envolvidos, podendo ser uma
doação de um único investidor social ou coinvestimento
Apoio a iniciativas colaborativas
Organizações focadas em ação colaborativa
  • Grupos de Trabalho
  • Redes
  • Coalizões
  • Alianças
  • Outros espaços de troca de conhecimento/ experiências/ networking
  • Organizações criadas para uma ação colaborativa focada em uma agenda
    (muitas vezes são cocriadas por vários investidores sociais com coinvestimento – dimensão 2)
Como mencionado, 92% dos investidores sociais integram redes ou
grupos, mas 40% participa de redes ou grupos aportando recursos,
seja para viabilizar projetos ou para assegurar o fortalecimento
institucional ou a gestão destas redes
Empresas são as que
proporcionalmente mais
repassam recursos financeiros
para apoiar redes ou grupos
Organizações que apoiam redes ou grupos com recursos financeiros por tipo de investidor (2018)
53% 39% 38% 33% Inst./Fund. Familiar Inst./Fund. Empresarial Inst./Fund. Independente Empresa

Fonte: Censo GIFE 2018, GIFE.

Desafios e dicas para colaborar mais e melhor
Ainda que a colaboração tenha seus limites e
fronteiras, podendo gerar externalidades nem sempre
positivas a depender da maneira como é colocada em
prática, ela tem sido um elemento-chave na direção
de uma filantropia ou investimento social cada vez
mais estratégicos, mas há ainda muito a avançar
Os desafios mais comuns que impedem ou podem acabar com a colaboração
Demora mais, pelo menos até engrenar, por isso é preciso paciência para seguir Para muitas pessoas colaborar não é algo natural, tornando-se fundamental trabalhar o ambiente interno e a abertura das equipes, escolhendo as pessoas certas para atuar em ambiente colaborativo É preciso identificar quando há incompatibilidade de cultura institucional e agir sobre isso, sendo necessário à organização ser flexível e entender a relevância da colaboração Egos precisam ser colocados de lado, um exercício que tem a ver com renunciar à necessidade de ser protagonista ou ao menos dividir o protagonismo com todos os envolvidos em prol da construção de algo comum, coletivo
Fatores de sucesso para a colaboração
Construa um sonho ou uma visão comum para a partir dela definir uma agenda comum Garanta o alinhamento estratégico levando em conta todos os participantes Se será colaborativo não será do seu jeito Se é colaborativo, não é seu Defina metas e como elas serão monitoradas Reveja o seu conceito de longo prazo: transformações substanciais precisam de tempo para acontecer Invista em acordos claros sobre liderança e governança Assegure-se de que existe alguém/alguma organização que acorde todos os dias pensando o que precisa ser feito para que a iniciativa aconteça Seja flexível em relação à diversidade de prioridades e à definição de metas comuns Aprenda a confiar e a construir relações de confiança Considere a possibilidade de colaborar com quem pensa diferente Dê prioridade e considere as iniciativas colaborativas estratégicas para a organização Atente-se para a inovação: é preciso cuidar para que as diferenças, a flexibilidade e as concessões não se tornem fatores limitadores Cuide do capital social: composição e a diversidade dos atores envolvidos são aspectos que podem ser estratégicos na construção de uma iniciativa colaborativa Comunique-se: crie ferramentas e canais de comunicação interna entre os participantes e faça acordos claros sobre a comunicação externa da inciativa