Fontes de recursos
RECURSOS DE EMPRESAS MANTENEDORAS E OUTRAS PJ SÃO AS FONTES MAIS COMUNS
As empresas mantenedoras e a captação junto a outras pessoas jurídicas seguem entre as fontes de recursos mais acessadas pelos investidores sociais. No entanto, em relação a 2016, cresceu significativamente a proporção de organizações que contam com rendimentos financeiros (de 21% para 26%), receitas oriundas de fundo filantrópico/ patrimonial (de 16% para 20%), além de doações de pessoas físicas (de 14% para 20%).
Gráfico 8: Organizações por tipos de fontes de recurso utilizadas (2016 e 2018)
Em relação a quanto essas fontes representam do montante total de R$ 3,25 bilhões investido pelas organizações em 2018, os rendimentos de fundos patrimoniais são os mais representativos (28%) depois dos repasses de empresas mantenedoras (44%). Outros rendimentos financeiros vêm em seguida, mas correspondem a apenas 6% do investimento total. Assim, importante atentar para o fato de que, apesar de algumas fontes de recursos serem bastante utilizadas, elas podem ter menor relevância para as organizações em termos da composição de seu volume de investimento.
72% DOS RECURSOS TOTAIS DOS INVESTIDORES SOCIAIS SÃO ADVINDOS DE EMPRESAS MANTENEDORAS E FUNDOS PATRIMONIAIS
Gráfico 9: Investimento total por fontes de recursos
INSTITUTOS E FUNDAÇÕES FAMILIARES E INDEPENDENTES TÊM FONTES DE RECURSOS MAIS DIVERSIFICADAS
Esse padrão, contudo, apresenta variações conforme os diferentes tipos de investidores sociais. Ainda que os rendimentos provenientes de fundo patrimonial sejam a principal fonte de recursos para todos os tipos (exceto empresas), institutos e fundações familiares dependem, em segundo lugar, da receita gerada a partir da venda de produtos e serviços (14%), enquanto institutos e fundações empresariais dispõem de repasses da empresa mantenedora (39%) em grau de importância equivalente aos rendimentos provenientes de fundo patrimonial/ filantrópico (40%). Já institutos e fundações independentes sustentam 19% de seu volume de investimento com financiamento da cooperação internacional.
Tabela 3: Participação das fontes de recursos no volume de investimento total por tipo de investidor (2018)
Vale destacar que, quando se exclui do cálculo algumas poucas organizações com valores absolutos mais significativos, os pesos das fontes de recursos no investimento total sofrem alterações consideráveis.
Entre institutos e fundações independentes, se removida uma única organização dos cálculos, os recursos captados via cooperação internacional assumiram o primeiro lugar em termos de relevância, representando 23% do investimento total desse tipo de investidor. Além disso, os recursos de rendimentos de fundos filantrópicos cairiam para a quarta posição, com 10% do investimento total. Já entre os familiares, a retirada de uma única organização impacta consideravelmente os percentuais de recursos provenientes da venda de produtos e serviços e de outros rendimentos financeiros, que passam a representar, cada um, 1% do investimento total desse tipo de investidor.
CRESCE A PARCELA DE ORGANIZAÇÕES QUE CONTAM APENAS COM RECURSOS PRÓPRIOS
Ao classificar as fontes de recursos entre próprias e provenientes de captação externa (subvenções, convênios e outras formas de parceria com o poder público, venda de produtos e serviços, captação junto à cooperação internacional / pessoas físicas / pessoas jurídicas), é possível observar que, entre 2016 e 2018, aumentou em 10% o percentual de respondentes que utilizam apenas fontes de recursos próprias. No entanto, quando perguntadas se possuem estratégias de captação, algumas organizações que contam apenas com fontes de recursos próprias indicaram ter estratégias de captação, como por exemplo, via uso de leis de incentivo.
Dessa forma, um percentual menor de organizações (47%) declarou não desenvolver estratégias, com destaque para empresas (53%) e institutos e fundações empresariais (58%). Esse percentual é menos representativo entre institutos e fundações familiares (38%) e independentes (17%).
Gráfico 10: Organizações que contam apenas com fontes de recursos próprias (2016 e 2018)
O contato direto com pessoas físicas e jurídicas é a estratégia de captação mais adotada pelas organizações (31%), seguida pelo uso de leis de incentivo fiscal (23%) e da elaboração de projetos para processos seletivos e editais (20%). Essa pergunta, em 2016, não foi feita para organizações que afirmaram contar apenas com fontes de recursos próprias e, portanto, a modificação na metodologia influenciou os resultados, o que prejudica a comparação em uma perspectiva histórica. Além disso, nesta edição do Censo, as organizações foram perguntadas pela primeira vez se utilizam novos mecanismos, recursos e serviços financeiros para o campo social, tais como fundos de investimento, crowdequity, crowdlending, microcrédito e investimento de impacto, sendo que 4% responderam positivamente.
Como esperado, institutos e fundações familiares e independentes têm estratégias de captação mais diversificadas do que empresas e seus respectivos institutos e e fundações, que se apoiam mais em fontes de recursos próprias, bem como em leis de incentivo. Recursos incentivados também constituem estratégias relevantes para 35% dos institutos e fundações familiares, assim como a elaboração de projetos para processos seletivos/editais e o uso de ferramentas online para doação, que aparecem com a mesma representatividade. Institutos e fundações independentes, além de contar com ferramentas de doação online, também lançam mão de campanhas de comunicação para o público em geral, o que, em ambos os casos, aplica-se para 39% dessas organizações.
Gráfico 11: Organizações por estratégias de captação de recursos
Tabela 4: Organizações por estratégias de captação e tipo de investidor (2018)
Como visto, os repasses das empresas mantenedoras representam uma importante fonte de financiamento para os respondentes do Censo GIFE 2018, já que as empresas e os institutos e fundações empresariais têm predominância no investimento social privado brasileiro, apesar da diversificação recente ocasionada pelo aumento dos institutos e fundações familiares. Por isso, é importante compreender as instâncias empresariais de decisão e os critérios adotados para definir montantes anuais destinados para a filantropia pelas empresas.
CRESCE O ENVOLVIMENTO DE ACIONISTAS E DIRETORIA FINANCEIRA NA DEFINIÇÃO DE RECURSOS DO INVESTIMENTO SOCIAL
O resultado encontrado pode ser comemorado por sugerir que o investimento social tem ganhado um caráter cada vez mais estratégico nas empresas mantenedoras. Porém, ao mesmo tempo, essa variação também pode significar que o investimento social está mais vulnerável a modificações na alta liderança empresarial e mais sujeito à boa performance dos negócios, o que é especialmente preocupante em um contexto de crise econômica, levando em conta sua dimensão pública e sua importância para a promoção da cidadania e o fortalecimento da democracia no país.
Gráfico 12: Organizações por instâncias de definição nas empresas mantenedoras sobre o destino de recursos para investimento social (2016 e 2018)*
AUMENTOU O PESO DOS RESULTADOS ECONÔMICOS DA MANTENEDORA PARA DEFINIÇÃO DE RECURSOS DO ISP
O principal critério para definição dos repasses da mantenedora que, em 2016, era o atendimento às demandas dos projetos/programas em curso para possibilitar a execução do planejamento (28%), passou a ser o volume de investimento do ano anterior da organização respondente, com variações frente a demandas específicas (18%).
O critério de definição dos recursos a partir dos resultados econômicos e financeiros da mantenedora cresceu de 11% para 16%, entre 2016 e 2018. Esse critério, que se aplicava até 2016 exclusivamente a empresas ou institutos e fundações empresariais, também se estendeu para 7% de institutos e fundações familiares, cujo volume de investimento tem sido impactado pela performance econômica ou financeira das empresas de suas famílias mantenedoras.