Fontes de recursos

AUMENTA A QUANTIDADE DE ORGANIZAÇÕES QUE CONTAM COM RECURSOS DE MANTENEDORES EMPRESARIAIS E DIMINUI AS QUE TÊM OUTROS TIPOS DE RENDIMENTOS FINANCEIROS

A distribuição das organizações em relação a suas fontes de recursos seguiu a mesma tendência já verificada nas edições anteriores do Censo GIFE. Destaca-se apenas o aumento de 4 pontos percentuais em comparação a 2018 na parcela de respondentes que contam com recursos provenientes de mantenedores empresariais (contribuições de empresas a eles vinculadas de forma institucional), que é a fonte mais citada. Já a parcela de Associados GIFE que usam recursos de outros rendimentos financeiros (que não fundo patrimonial filantrópico – endowment) diminuiu em 8 pontos percentuais nos últimos dois anos.

Gráfico 2.11 – Organizações por tipo de fontes de recurso utilizadas (2018 e 2020)


MAIOR PARTE DOS RECURSOS DOS INVESTIDORES SOCIAIS (R$ 2,7 BILHÕES) VEM DE MANTENEDORES EMPRESARIAIS

Em relação a quanto as diversas fontes de recursos representam no volume de investimento reportado em 2020, mantém-se a predominância de recursos provenientes de mantenedores empresariais, com um aumento, em relação a 2018, de 7 pontos percentuais na composição do volume total de recursos, passando a ser a origem de 51% dos investimentos do campo. Rendimentos de fundo patrimonial filantrópico (endowment) próprio dos respondentes também continuam sendo relevantes – correspondem a R$ 1,4 bilhão, ou 26% do volume de investimento reportado em 2020 (redução de 2 pontos percentuais em relação a 2018).

Gráfico 2.12 – Investimento por fontes de recursos

Ainda que a análise segundo o orçamento total demonstre que a maior parte dos recursos seja proveniente de mantenedores empresariais, ao avaliar por tipo de investidor os fundos patrimoniais (endowment) são a principal fonte de recursos em todos os casos, exceto para Empresas, com aumento de sua participação na composição do volume de investimentos.

A composição dos recursos reflete diretamente a diferença de natureza das organizações. Rendimentos de fundo patrimonial filantrópico (endowment) próprio continuam sendo a fonte de recursos com maior participação nos orçamentos de Institutos, Fundações e Fundos Filantrópicos Empresariais, Familiares e Independentes – tendo, inclusive, ampliado sua relevância em relação à 2018 (aumento de 4, 2 e 12 pontos percentuais, respectivamente).

No caso de Familiares, também aumentou (em 8 pontos percentuais) a contribuição de grupos familiares ou indivíduos mantenedores na composição dos recursos, passando, assim, a ser a segunda fonte mais relevante. 

Institutos, Fundações e Fundos Filantrópicos Independentes tiveram sua composição de fontes alterada de modo mais significativo, o que a tornou menos diversificada: enquanto a cooperação internacional (que era, em 2018, a segunda fonte mais relevante) diminuiu sua participação em 16 pontos percentuais e grupos familiares e indivíduos mantenedores diminuíram em 9 pontos, os mantenedores empresariais aumentaram sua participação em 17 pontos percentuais, tornando-se a segunda fonte mais relevante para o grupo.

No caso de Empresas, que em 2018 tinham praticamente todo o seu orçamento oriundo de mantenedores empresariais, houve uma diminuição de 11 pontos percentuais do peso dessa fonte, acompanhado pelo aumento da participação de outras pessoas jurídicas (variação de 9 pontos percentuais).

Tabela 2.1 – Investimento total por fontes de recursos (por tipo de investidor)


O CAMPO FILANTRÓPICO SEGUE CONTANDO PRIORITARIAMENTE COM RECURSOS PRÓPRIOS

Ao classificar as fontes de recursos entre próprias e provenientes de captação externa, observa-se que os investidores sociais contam fortemente com fontes próprias – seguindo padrão observado em 2018, quando a participação desse tipo de recurso foi de 85% (enquanto os externos corresponderam a 13%).

Gráfico 2.13 – Investimento por fontes de recursos próprias e provenientes de captação externa

Em relação às estratégias de mobilização de recursos, todas as alternativas analisadas pelo Censo GIFE foram mais utilizadas em 2020 do que em 2018, com destaque para coinvestimento (aumento de 31 pontos percentuais), participação em iniciativas de financiamento coletivo (crowdfunding) e matching (28 pontos) e convite a colaboradores da organização respondente ou de empresas mantenedoras (27 pontos).

Com o ganho de importância dessas estratégias de captação, as mais adotadas pelos investidores sociais em 2020 são: contato direto com possíveis doadores (46%), coinvestimento (43%) e convite a colaboradores da organização respondente ou de empresas mantenedoras (41%). Especificamente, nas iniciativas de enfrentamento dos efeitos da Covid-19, essas estratégias também estão entre as mais utilizadas (por 25%, 20% e 30% das organizações, respectivamente), assim como participação em iniciativas de financiamento coletivo e matching (22%) e campanhas e comunicação para o público geral (21%).


Gráfico 2.14 – Organizações por estratégias de mobilização de recursos (2018 e 2020)

CRESCE O ENVOLVIMENTO DAS ÁREAS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL, SUSTENTABILIDADE OU INVESTIMENTO SOCIAL PRIVADO DE EMPRESAS MANTENEDORAS EM DECISÕES SOBRE RECURSOS DO INVESTIMENTO SOCIAL

Um movimento importante verificado pelo Censo GIFE 2020 é o aumento da participação de diretorias ou departamentos de mantenedores – que são, por excelência, voltados a temas relacionados a investimento social (responsabilidade social, sustentabilidade ou investimento social privado) – na definição de recursos a serem destinados a organizações filantrópicas. Houve um crescimento de 8 pontos percentuais entre 2018 e 2020, tornando-se a terceira área mais responsável por esse tipo de decisão entre os respondentes.

Conselhos de administração, de acionistas ou assembleias gerais de empresas mantenedoras e as principais lideranças (CEO ou diretores/as, presidentes/as) de empresas continuam sendo os principais atores responsáveis pelas decisões sobre recursos do investimento social (em 35% e 29% das organizações, respectivamente) – porém, em ambos os casos, essas participações diminuíram no último biênio (em 7 e 4 pontos percentuais, respectivamente).

Gráfico 2.15 – Organizações por instâncias de definição em empresas mantenedoras sobre o destino de recursos para investimento social (2018 e 2020)


CONTEXTO DA CRISE GERADA PELA COVID-19 INFLUENCIOU O PROCESSO DECISÓRIO DE ALOCAÇÃO DE RECURSOS EM EMPRESAS MANTENEDORAS

Durante a crise da Covid-19, o envolvimento de diferentes atores de empresas mantenedoras no processo decisório de alocação de recursos mudou, sobretudo a participação de instâncias decisórias das empresas e de seus membros que, na percepção dos respondentes, aumentou em 34% das organizações – sendo que 21% acreditam que essas mudanças permanecerão mesmo após a pandemia, enquanto 13% pensam que não irão se manter. Os Associados GIFE também observaram mudanças, em 2020, no que se refere à maior frequência de encontros das instâncias decisórias: nesse caso, a maior parcela (18%) considera que as alterações são passageiras, enquanto 15% pensam que se manterão pós-crise da Covid-19.

Os aspectos que os investidores sociais avaliam que mais permanecerão após passado o contexto pandêmico são a aceleração e/ou simplificação dos processos burocráticos, exigências formais, jurídicas ou de compliance (24%) e a participação e o envolvimento de instâncias decisórias das empresas mantenedoras e/ou de seus membros (21%). Nessa mesma linha, 27% dos respondentes consideram que, com a crise da Covid-19, houve simplificação de processos decisórios (com priorização da pauta, diminuição da morosidade no processo e maior facilidade para chegar em consensos, por exemplo), sendo que 19% acham que essa mudança seguirá assim futuramente.

Gráfico 2.16 – Organizações por percepção sobre mudanças no processo decisório de alocação de recursos destinados por empresas mantenedoras para iniciativas de enfrentamento dos efeitos da Covid-19


Na decisão sobre o volume de recursos a ser destinado por empresas mantenedoras às organizações, os principais critérios continuam sendo: orçamento definido para atender às demandas de iniciativas em curso ou possibilitar a execução do planejamento da organização respondente (22%, com destaque para o aumento de 7 pontos percentuais em relação a 2018, tornando esse critério o mais frequentemente indicado); percentual de resultados econômico-financeiros das empresas mantenedoras (17%); e orçamento das organizações no ano anterior com variações frente a demandas específicas (15%).

Gráfico 2.17Organizações por critério principal adotado por empresas mantenedoras para destino de recursos


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