Volume de investimento

O AUMENTO SIGNIFICATIVO NO VOLUME TOTAL DE RECURSOS APORTADOS PELOS INVESTIDORES SOCIAIS EM 2020 É RELACIONADO AO ENFRENTAMENTO DOS EFEITOS DA COVID-19

R$ 6,9 bilhões é o valor de investimento total ao computar os valores informados para o Censo GIFE e para o BISC, excluindo as organizações que responderam às duas pesquisas.

O Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC) é uma pesquisa anual, realizada pela Comunitas, que traça parâmetros e comparações sobre o perfil do investimento social privado empresarial no Brasil. Saiba mais em: <https://bisc.org.br/>.


O valor total reportado em 2020 se destaca em relação ao volume de investimento apresentado no Censo GIFE 2018 (aumento de 53%) e ao valor realizado pelas organizações em 2019 (aumento de 71%). Variação semelhante se verifica nas médias de valores alocados por cada organização, que passou para R$ 42,2 milhões em 2020, representando um aumento de 55% em relação ao verificado em 2018 e 63% quando comparada à média realizada em 2019. Já a mediana de valores alocados por cada organização apresenta um aumento (26%) em 2020 em comparação ao ano anterior, sem seguir a mesma proporção dos valores totais – o que leva à constatação de que valores extremamente altos de poucas organizações tiveram grande peso no valor total do volume de investimentos do campo e, como se verá adiante, com grande relação com a disponibilização de recursos para o enfrentamento dos efeitos do novo coronavírus (Covid-19).


Gráfico 2.1 – Investimento realizado (2018-2020)

MAIOR PARTE DO VOLUME DE INVESTIMENTOS CONTINUA SENDO DE INSTITUTOS, FUNDAÇÕES E FUNDOS FILANTRÓPICOS EMPRESARIAIS, TENDO AUMENTADO A PARTICIPAÇÃO DE RECURSOS PROVENIENTES DE EMPRESAS

Quase metade (48%) do volume total de investimento dos respondentes foi realizado por Institutos, Fundações e Fundos Filantrópicos Empresariais – que são, historicamente, o tipo de investidor social que mobiliza o maior montante de recursos no campo, sendo também o tipo de investidor mais presente entre os respondentes. Empresas passaram a ter participação significativa (37%) no volume total de recursos mobilizados pelo investimento social, em função da atuação de algumas organizações no enfrentamento dos efeitos da Covid-19.

A VARIAÇÃO NOS VOLUMES DE INVESTIMENTO ENTRE 2019 E 2020 É DISTINTA ENTRE DIFERENTES TIPOS DE INVESTIDORES SOCIAIS

Enquanto houve aumento dos valores totais investidos em 2020 (em relação aos realizados em 2019) no caso de Empresas e Institutos, Fundações e Fundos Filantrópicos Empresariais e Independentes, foi registrada queda de 5% no caso de Familiares.

Gráfico 2.2 – Investimento realizado (por tipo de investidor)


Em uma perspectiva temporal mais ampla, considerando a última década, o crescimento observado também é superior aos patamares já verificados: até então, a variação anual (para mais ou para menos) no volume total de investimento nunca havia sido superior a 21%.

Gráfico 2.3 – Evolução do investimento (2010-2020)


Entretanto, quando se observa as faixas orçamentárias das organizações, a distribuição segue tendência similar à observada em 2019, com importante destaque para uma diminuição de 3 pontos percentuais na parcela de respondentes que têm orçamentos sociais anuais entre R$ 2 e 6 milhões, acompanhado de um aumento de 5 pontos percentuais na parcela de investidores sociais com orçamentos entre R$ 20 e 50 milhões.

Gráfico 2.4 – Organizações por faixa de valor investido (2019 e 2020)


Considerando o tipo de investidor social, há uma importante presença de organizações com orçamentos na faixa de R$ 20 e 50 milhões, sendo essa a faixa que mais concentra respondentes de Empresas Institutos, Fundações e Fundos Filantrópicos Familiares. No caso de Institutos, Fundações e Fundos Filantrópicos Empresariais, as maiores parcelas de organizações têm orçamentos nas faixas mais baixas (46% deles investiram até R$ 6 milhões em 2020). No caso de Institutos, Fundações e Fundos Filantrópicos Independentesduas outras faixas se destacam, somando 47% de respondentes com orçamentos de R$ 2 a 10 milhões.

Gráfico 2.5 – Organizações por faixa de valor investido (por tipo de investidor)

O ORÇAMENTO REALIZADO EM 2020 FOI 63% MAIOR DO QUE O PREVISTO

A comparação entre os valores previstos e realizados pelos investidores sociais em 2020 mostra que, sendo um ano atípico em função da Covid-19, um volume significativo de recursos não previstos foi aportado.

Gráfico 2.6 – Orçamento previsto e valor investido


INVESTIDORES SOCIAIS ALOCARAM RECURSOS ADICIONAIS EXPRESSIVOS E ATUARAM NO ENFRENTAMENTO DOS EFEITOS DA COVID-19

A comparação entre o valor aportado apenas para iniciativas em geral, excluindo-se o montante destinado a iniciativas de enfrentamento dos efeitos da Covid-19, e o valor total previsto para o orçamento de 2020 pelas organizações revela montantes bem próximos. Esse dado reforça a percepção de que o crescimento do valor total aportado pelos investidores sociais em 2020 foi decorrente de uma situação excepcional, como resposta à situação emergencial gerada pela pandemia do novo coronavírus.

Dessa forma, a análise do valor total, por si só, não é suficiente para compreender o comportamento de investimentos do campo filantrópico, uma vez que inclui um montante expressivo de recursos (43%) destinados pelas organizações a iniciativas identificadas como sendo de enfrentamento dos efeitos da Covid-19.

Gráfico 2.7 – Investimento realizado (por relação com iniciativas de enfrentamento da Covid-19)

Para compreender a implicação do investimento com foco na Covid-19 no panorama geral do campo de investimento social, um exercício interessante é comparar a previsão feita pelas organizações antes do início da pandemia com o valor que foi direcionado no ano a iniciativas sem conexão com seus efeitos. O resultado mostra que os valores são próximos, sendo o previsto para 2020 superior em 6% ao realizado no mesmo ano, excluindo o volume de recursos dedicados ao enfrentamento da pandemia. Essa informação explica, em alguma medida, que não houve variação significativa nos recursos destinados às iniciativas que o campo filantrópico já realizava.

INVESTIMENTOS EM INICIATIVAS PARA ENFRENTAR A COVID-19 SÃO PROVENIENTES PRINCIPALMENTE DE RECURSOS ADICIONAIS, MAS INCLUEM TAMBÉM REALOCAÇÃO DE RECURSOS DE INICIATIVAS PREVISTAS

Parte das organizações redirecionou, para o enfrentamento de efeitos da Covid-19, recursos que antes seriam destinados a outros tipos de atividades e temas (como fizeram 47% das organizações) ou aportou recursos remanescentes disponíveis no orçamento (caso de 15% dos respondentes). Também foram mobilizados recursos adicionais de diferentes fontes, dentre os quais se destacam os mobilizados com fontes diversas – como campanhas, captação de pessoa física, captação de pessoa jurídica, etc. – e os oriundos de empresas, famílias ou indivíduos mantenedores (caso de 25% e 27% dos respondentes, respectivamente).


Ainda que mais organizações tenham remanejado recursos do que aportado novos, em termos de volume os últimos são maiores, o que está relacionado aos altos valores mobilizados por algumas poucas organizações. Assim, o montante que a filantropia destinou a iniciativas de enfrentamento dos efeitos da Covid-19 é proveniente, majoritariamente, da mobilização de novos recursos de diferentes fontes, sendo a principal delas empresas, famílias ou indivíduos mantenedores, responsáveis por 54% do volume total para esse fim. Já a realocação de orçamento previamente existente na organização é menos significativa na composição de investimentos voltados para o enfrentamento do novo coronavírus, somando R$ 179,3 milhões – o que corresponde a 8% do volume total de recursos com essa finalidade.


Gráfico 2.8 – Volume de recursos destinados a iniciativas de enfrentamento dos efeitos da Covid-19 (por fontes dos recursos)


NO FUTURO, O VOLUME DE INVESTIMENTO TENDE A CAIR EM COMPARAÇÃO AO VERIFICADO EM 2020

A análise do forte crescimento do volume de investimento do campo filantrópico em 2020 como algo excepcional e relacionado ao enfrentamento dos efeitos gerados pela pandemia de Covid-19 se reflete na expectativa futura de investimento das organizações. Em 2021, ainda que o investimento previsto não se reduzirá aos patamares verificados nas últimas edições do Censos GIFE, tampouco tende a se manter no patamar de 2020.

Gráfico 2.9 – Investimento realizado (2019 e 2020) e investimento previsto (2021)


Para os próximos anos (2022 e 2023), metade das organizações pretende manter seus investimentos na mesma base prevista para 2021 – em especial no caso de Institutos, Fundações e Fundos Filantrópicos Familiares e Independentes (62% e 58%, respectivamente). A expectativa de aumento dos valores a serem investidos é apontada por 28% dos respondentes, com destaque para Institutos, Fundações e Fundos Filantrópicos Familiares (35%). A redução de valores em relação ao previsto para 2021, segundo os respondentes, ocorrerá em apenas 10% das organizações, em especial entre Empresas (20%), enquanto apenas uma pequena parcela (4%) de organizações Familiares pretende reduzir os investimentos.

Gráfico 2.10 – Organizações por expectativa de variação de volume de investimento em 2022 e 2023 em relação ao previsto para 2021 (total e por tipo de investidor)


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