Temas e foco de atuação

EDUCAÇÃO SE MANTÉM COMO PRINCIPAL ÁREA TEMÁTICA DE INVESTIDORES SOCIAIS, MAS SUA PRESENÇA DIMINUIU E O TEMA PASSOU A DIVIDIR ESPAÇO COM PROTEÇÃO SOCIAL

Historicamente, a área de educação é a que concentra mais organizações com algum tipo de atuação, o que se manteve em 2020, apesar de, nesse ano, a prevalência não ter tido a mesma magnitude que em anos anteriores – a parcela de respondentes com atuação na área de educação (76%) seguiu diminuindo, 4 pontos percentuais em comparação a 2018 e 8 pontos em relação a 2016.

Gráfico 4.1 – Organizações com atuação na área de educação (2016, 2018, 2020)


PROTEÇÃO SOCIAL E SAÚDE SÃO AS ÁREAS TEMÁTICAS QUE MAIS ORGANIZAÇÕES PASSARAM A ATUAR NO CONTEXTO DA CRISE DA COVID-19

A atuação em outras áreas se ampliou fortemente no contexto de enfrentamento da crise do novo coronavírus (Covid-19), de modo que se tornaram relevantes no campo filantrópico. É o caso de proteção, assistência e desenvolvimento social (incluindo o combate à pobreza e à fome), que teve aumento de 34 pontos percentuais em comparação com 2018 e chegou ao patamar da área de educação em termos de respondentes que atuam na temática (75%). Entretanto, 18% dos respondentes que atuaram em proteção social consideram que isso ocorreu em um contexto emergencial, e que as ações devem ser suspensas após a pandemia (enquanto outros 11% que passaram a atuar no tema devem dar continuidade, se somando a 46% das organizações que já atuavam na temática antes da Covid-19 e mantiveram sua atuação).

Outra temática que ganhou força foi a de saúde e bem-estar. A parcela de Associados GIFE que desenvolveram ações com esse foco aumentou 20 pontos percentuais no último biênio (63%, chegando a 93% dentre Empresas), o que fez com que o tema passasse a compor o grupo das 5 principais áreas temáticas do campo. Porém, assim como no tema de proteção, assistência e desenvolvimento social, a maior parte das organizações que iniciaram sua atuação no tema de saúde e bem-estar tende a deixar de fazê-la no contexto pós-crise da Covid-19 (15%).

Também é possível observar algumas temáticas que tiveram recuo nos últimos dois anos, em especial esporte e lazer (redução de 22 pontos percentuais) e cultura e artes (14 pontos).

Gráfico 4.2 – Organizações por áreas temáticas de atuação


Organizações podem ter múltiplos focos de atuação, que nem sempre se restringem a uma área temática. Assim, suas estratégias podem privilegiar, em vez de um tema, a transformação de territórios específicos e/ou o impacto em determinados recortes de público. O Censo GIFE analisa as principais iniciativas indicadas pelos respondentes a partir de uma perspectiva tridimensional, que considera área temática, perfil do público impactado e características dos territórios onde as iniciativas são desenvolvidas.

Quadro 4.1 – Abordagem tridimensional do foco de atuação de iniciativas em operação em 2020


Todos os respondentes mencionaram uma área temática específica como foco de atuação das 1.015 iniciativas em operação pelas 131 organizações participantes do Censo GIFE. A área de educação mantém sua predominância destacada em relação às demais temáticas, foco de atuação de pelo menos uma das iniciativas de 78% dos investidores sociais. Também são focos temáticos das iniciativas de grande parte dos Associados GIFE: fortalecimento da sociedade civil (68%),saúde e bem-estar (65%) e desenvolvimento econômico, trabalho, empreendedorismo e geração de renda (64%).

Em 2020, 59% das organizações desenvolveram iniciativas dedicadas à proteção social – mesmo que a temática não tenha o mesmo destaque quando se observa a atuação dos investidores sociais de modo geral, ou seja, desvinculada de iniciativas em operação.

              

Gráfico 4.3 – Organizações por áreas temáticas das iniciativas 


Após indicar os focos de atuação de cada uma de suas iniciativas, as organizações informaram também o foco prioritário, por área temática, território e perfil de público. Praticamente todas as organizações escolheram alguma área temática como foco prioritário de, pelo menos, uma de suas iniciativas, sendo educação novamente a prioridade das iniciativas do maior número de respondentes (58%), seguida por desenvolvimento econômico, trabalho, empreendedorismo e geração de renda (38%), proteção, assistência e desenvolvimento social (35%) e saúde e bem-estar (34%).


Especificamente em iniciativas de enfrentamento dos efeitos da Covid-19 (305), para a maior parte das organizações que desenvolveram esse tipo de trabalho (60% dos respondentes), as subáreas com maior atuação foram segurança alimentar (31%) e higiene e prevenção (27%).

Gráfico 4.4 – Organizações que atuaram no enfrentamento dos efeitos da Covid-19, por subáreas das iniciativas


Ainda em relação à atuação no enfrentamento da crise gerada pela Covid-19, 60% dos respondentes indicaram ter desenvolvido ao menos uma nova iniciativa para combater os desafios da pandemia e 52% adaptaram objetivo e/ou conteúdo de iniciativas já planejadas para contribuir com o combate do novo coronavírus. Ainda assim, 91% das organizações tiveram ao menos uma iniciativa já planejada ou em execução que manteve seu objetivo e conteúdo originais, mas foi adaptada para viabilizar sua operacionalização no contexto de distanciamento social e, para outros 41%, pelo menos uma iniciativa não sofreu alterações.

92% DOS RESPONDENTES MENCIONARAM PELO MENOS UM TIPO DE TERRITÓRIO ESPECÍFICO COMO FOCO DE ATUAÇÃO DAS INICIATIVAS, COM DESTAQUE PARA ÁREAS URBANAS

Os tipos de territórios apontados por mais organizações como sendo focos de atuação de pelo menos uma de suas iniciativas são áreas de periferias urbanas (mencionadas por 53% dos respondentes), áreas urbanas (53%) e comunidades do entorno de unidades de negócio das empresas mantenedoras (51%) – todos preponderantes entre Empresas (67%, 67% e 73%, respectivamente). Porém, apenas as comunidades do entorno de unidades de negócio foram assinaladas como foco prioritário por uma parcela mais significativa das organizações (11%, chegando a 17% entre Institutos, Fundações e Fundos Filantrópicos Empresariais).


Gráfico 4.5 – Organizações por territórios indicados como foco das iniciativas



FAIXA ETÁRIA, TIPO DE ORGANIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS SÃO OS MAIS PRESENTES COMO FOCOS DE ATUAÇÃO DAS INICIATIVAS

O recorte de público é indicado por todos os investidores sociais como sendo foco de pelo menos uma de suas iniciativas, em especial: definição de faixas etárias (mencionada por 93% das organizações); outras condições e características específicas, como pessoas em situação de vulnerabilidade e profissionais do poder público (91%); e tipos de organizações (89%).

RAÇA, ORIGEM E COMUNIDADES TRADICIONAIS SÃO OS QUE MENOS ORIENTAM O FOCO DE ATUAÇÃO DAS INICIATIVAS

Ainda que tenham ampliado fortemente sua presença em relação a anos anteriores, iniciativas com foco de atuação em recortes por raça, origem e comunidades tradicionais ainda têm espaço para crescer entre investidores sociais, dado que 51% das organizações não os adotam.

Gráfico 4.6 – Organizações por perfil de público indicado como foco das iniciativas

Quando perguntadas sobre o foco prioritário de suas iniciativas, a partir das três dimensões (área temática, território e público), apenas 8% das organizações apontaram faixa etária. A categoria de outras características e perfis é a que a maior parcela de respondentes indica como prioritária em seus focos de atuação (24%), com destaque para o recorte por pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica, que é o público mais apontado como prioritário (12% dos investidores).

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