Censo GIFE 2018

4 Infográfico

Investimento social privado e o engajamento em negócios de impacto social

O investimento social privado vem se aproximando dos negócios de impacto social, organizações que têm como objetivo causar impacto socioambiental positivo através de seus produtos e serviços, alcançando resultados financeiros. Apesar da queda na proporção de investidores sociais envolvidos com o tema de negócios de impacto social, o volume de recursos repassados aumentou em 2018 e dentre as organizações que se envolvem com o tema, a maior parte se envolve aportando recursos financeiros. Entre os investidores sociais que não têm envolvimento com o campo, apenas 18% não tem intenção de apoiar o tema, o que demonstra que o interesse por negócios de impacto social é grande. A maior parte dos negócios de impacto social, segundo dados da Pipe.Social (2019), têm até 5 anos, trata-se, assim, de um campo em consolidação do qual os investidores sociais têm se aproximado.

26% dos 133 investidores sociais
repassa recursos para negócios
de impacto ou aceleradoras e
intermediárias do campo de
negócios de impacto
Maior parte das organizações apoia de 1 a 5 negócios de impacto
R$ 117 milhões foram repassados
ao tema de negócios de impacto
social em 2018, seja para
negócios de impacto diretamente
ou para promoção desse tema de
outras formas
Isso representa 4% do volume total de investimento de R$ 3,2 bilhões
Os negócios de impacto social
Negócios de impacto são empreendimentos que têm a intenção clara de endereçar um
problema socioambiental por meio de sua atividade principal (seja seu produto/ serviço e/ ou
sua forma de operação). Atuam de acordo com a lógica de mercado, com um modelo de
negócio que busca retornos financeiros, e se comprometem a medir o impacto que geram.

Quais são os critérios que definem os negócios de impacto?

1

Intencionalidade de
resolução de um problema
social e/ ou ambiental;

2

Solução de impacto é
a atividade principal
do negócio;

3

Busca de retorno
financeiro, operando
pela lógica de mercado;

4

Compromisso com
monitoramento do
impacto gerado.

Mas como identificar negócios de impacto?

1
Qual é o formato jurídico da
Organização?
EMPRESA OU OSC EXPLICITA SUA INTENÇÃO DE IMPACTO DE MANEIRA CLARA EM SUA COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL INTERNA E EXTERNA? VIVE/ OPERA DIARIAMENTE PARA RESOLVER UM PROBLEMA SOCIOAMBIENTAL, OU SEJA, A ATIVIDADE CENTRAL DO NEGÓCIO (SEU PRODUTO/SERVIÇO E/OU SUA FORMA DE OPERAÇÃO) É UMA SOLUÇÃO QUE RESOLVE, DE FATO, UM PROBLEMA SOCIOAMBIENTAL REAL? DISTRIBUINDO OU NÃO DIVIDENDOS, OPERA NA LÓGICA DE MERCADO, OU SEJA, TEM UM MODELO DE NEGÓCIO QUE VISA GERAR RECEITA PRÓPRIA POR MEIO DA VENDA DE PRODUTOS E/OU SERVIÇOS? POSSUI CLAREZA DA TRANSFORMAÇÃO QUE PRETENDE GERAR E TEM INDICADORES QUE AJUDAM A MONITORAR/MEDIR O SEU IMPACTO? SIM SIM SIM SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO 2 3 4 5
Negócio de impacto
E quem são os principais atores e
como eles se relacionam?
Na demandacapital Instrumentosfinanceiros Intermediárias Na oferta de capital

Negócios de impacto, organizações que
demandam capital, podem ser:

OSC sem
geração de
renda
OSC com geração
de renda
OSC com modelo
de negócio
Cooperativas
Negócios com missão
social ou ambiental com
restrição na distribuição de
dividendos
Negócios com missão
social ou ambiental sem
restrição na distribuição
de dividendos
Empresas
puramente
comerciais

Vários instrumentos financeiros estão disponíveis
para esse repasse de recursos, como:

  • Doações
  • Crowdfunding
  • Compra para
    doação
  • Garantidor
    de empréstimos
  • Primeiras
    compras
  • Garantidor de Contrato
    de Impacto Social
  • Compra
  • Investimento
    Coletivo
  • Participação
    Acionária
  • Cessão de
    Dívida
  • Microcrédito
  • Contrato de
    Impacto Social (CIS)
  • Venture
    philantropy
  • Debêntures
  • Dívida venture
    (venture debt)
  • Equity
  • Dívida conversível
    (convertible debt)
  • Financiamento
    combinado
    (matchfunding)
  • Equity colaborativo
    (equity crowdfunding)
  • Empréstimo ponto
    a ponto (peer to
    peer ou P2P)
  • Doação conversível
    (convertible grant)
Garantias
Doações
Investimentos e Empréstimos
Inovadores

Nesse ecossistema há ainda organizações intermediárias que facilitam, conectam e
apoiam a parceria entre oferta (investidores, doadores e gestores que buscam
impacto) e demanda de capital (organizações que geram impacto social), além de apoiar
a qualificação dos negócios de impacto e do campo como um todo, oferecendo:

Recursos e serviços
financeiros
Gestão e acesso
a investidores
Monitoramento,
avaliação e
certificação
Conhecimento e
informação
(academia)
Os investidores sociais podem apoiar o campo de diversasformas, inclusive via fortalecimento de organizações intermediárias

Os negócios de impacto podem receber recursos de diversas
fontes de oferta de capital:

Governo

Organismos
nacionais de
fomento

Organismos
multilaterais
de créditos

Pessoas
jurídicas

Pessoas
físicas

Fundações e
associações

Instituições
de finanças
comunitárias

Os negócios de impacto podem atuar em diversas áreas
Negócios de impacto por áreas de atuação (2019)
Tecnologias verdesCidadaniaEducaçãoSaúdeServiços financeirosCidades 23% 23% 26% 36% 43% 46%
E há negócios nas mais diversas fases

IDEIA

validação

PROTÓTIPO

PILOTO

MVP

Organização do
negócio

tração

Pré-Escala

Escala

21% dos negócios de impacto social no Brasil estão na fase de organização do negócio, 25% estão nas fases iniciais, entre a ideia e o protótipo e 18% estão na fase da préescala e da escala em si, com empresas estruturadas, prontas para começar ou ampliar a escala de seus negócios.

Você pode saber mais sobre a jornada aqui .

Volume de recursos repassados pelo ISP
para o tema de negócios de impacto social
Diminuiu a proporção de
organizações engajadas no tema de
negócios de impacto, mas
aumentou a parcela de recursos
destinados ao tema
Entre 2016 e 2018, passou de 42%
para 40% a proporção de
organizações que se envolvem
de alguma forma com o tema de
negócios de impacto social
R$ 117milhões + 44% Investimento em negócios de impacto 2017* 2018 R$ 81milhões

* Atualizado pelo IPCA

Em contrapartida,aumentou
em 44%o volume de recursos
repassados, passando de
R$ 81 milhões em 2017
paraR$ 117 milhões em 2018

Volume de recursos aportados no tema de negócios
de impacto social (2017 e 2018)

Total Empresas Inst. / Fund. Empresariais Inst. / Fund. Familiares Inst. / Fund. Independentes R$ 54.016.848,94 R$ 12.087.000,00 R$ 832.018,02 R$ 117.001.272,00 R$ 11.623.912,52 R$ 83.200.000,00 R$ 14.763.307,86 R$ 1.447.762,00 R$ 81.236.087,34 R$ 20.266.510,00 +44% +54% +74% +74% -18% 2017 2018
Apenas institutos e
fundações
empresariais
apresentaram
queda no
volume de recursos
aportados no tema.

Fonte: Censo GIFE 2018, GIFE.

Institutos e fundações independente são os que mais se
envolvem no campo de negócios de impacto social
Organizações por envolvimento com o tema de negócios de impacto social (2018)
24% 41% 12% 6% 59% EMPRESAS
38% 9% INST./ FUND.EMPRESARIAIS 20% 9% 62%
38% 7% INST./ FUND.FAMILIARES 10% 21% 62%
50% 11% INST./FUND.INDEPENDENTES 22% 17% 50%

Não tem envolvimento
com o campo de
negócios de impacto

Não informou sobre o
aporte de recursos

Não aporta recursos
no tema

Aporta recursos
no tema

Fonte: Censo GIFE 2018, GIFE.

Mínimo Média Mediana Máximo 50 Mil 350 Mil 3,1 Milhões 80,9 Milhões
Há grande variação no volume
de recursos aportados, com
alguns investidores sociais
fazendo aportes expressivos
nesse campo
27%das organizações que se envolvem no
campo de negócios de impactorepassam
até 5% do volume total do investimento
para o tema

Organizações que se envolvem com o tema de negócios de impacto por volume de
recursos repassados para o tema em relação ao volume total investido (2018)

Fonte: Censo GIFE 2018, GIFE.

11% dos negócios de
impacto social
participantes do 2º Mapa
de Negócios de Impacto –
Social + Ambiental
disseram acessar recursos
de institutos e fundações.

Formas de envolvimento com o tema
de negócios de impacto social
Mais organizações passaram a apoiar o tema repassando
recursos para intermediários e negócios de impacto
As principais formas de envolvimento no campo dos negócios de
impacto continuam sendo atividades de formação e articulação,
porém o repasse de recursos para intermediários e diretamente para
negócios de impacto passou, entre 2016 e 2018, de 6% para 16% e de
8% para 14%, respectivamente.
Organizações por formas de envolvimento com o tema de negócios de impacto social (2018)
21% 20% 16% 14% 14% 14% 11% 10% 8% 7% 8% 8% 8% 5% Apoia negócios de impacto com formação, informação, rede de relacionamento (sem expectativa de retorno) Desenvolve advocacy e sensibilização de pares para que atuem no tema Desenvolve diretamente negócios de impacto Apoia o desenvolvimento de avaliações e impacto Prioriza a compra de produtos sem serviços de negócios de impacto Apoia organizações intermediárias com formação informação, rede de relacionamento (sem expectativa de retorno) Repassa recursos para organizações intermediárias do ecossistema de negócios de impacto (sem expectativa de retorno, ex: aceleradoras,incubadoras) Repassa recursos para negócios de impacto (sem expectativa de retorno) Desenvolve/ financia fóruns e espaços de troca sobre negócios de impacto Faz interface com investimentos em negócios do impacto apoiados pela(s) empresa(s) mantenedora(s) Fomenta o movimento dos chamados " negócios de impacto periféricos " Repassa recursos via fundos, plataformas, ou outros mecanismos financeiros que destinam recursos para negócios de impacto (sem expectativa de retorno) Desenvolve/ financia produção de conhecimento da área de negócios de impacto 7% 5% 5% 2% 2% Investe em negócios de impacto (pressupõe retorno financeiro) Investe via fundos, plataformas ou outros mecanismos financeiros que destinam recursos para negócios de impacto (pressupõe retorno financeiro) Faz interface entre negócios de impacto e poder público Investe em organizações intermediárias do ecossistema de negócios de impacto (pressupõe retorno financeiro) De outra maneira
60%

Não tem envolvimento
com negócios de impacto

Fonte: Censo GIFE 2018, GIFE.

48% dos pedidos de ajuda
de negócios de impacto
social se referem a dinheiro,
seguido de mentoria (22%),
comunicação (19%) e
parcerias e networking.

Formação, articulação
de redes de produção
de conheicmento

Repasse de recursos

Via investimentos

Via interface

Investidores sociais
demonstram interesse de se
envolver com o tema nos
próximos anos
Entre as organizações que não se envolvem com o tema, 30%
não têm intenção de apoiá-lo nos próximos 3 anos,
independente de conhecê-lo ou não. Porém 70% estão se
aprofundando ou pretendem se informar nos próximos anos o
que demonstra o interesse dos investidores sociais pelo campo.

Organizações que não se envolvem com o tema de negócios de impacto
por tipo de relação com o tema (2018)

Total 38% 70% 30% 33% 14% 16%
Empresas 90% 60% 30% 10%
Inst./Fund. empresariais 46% 76% 24% 30% 12% 12%
Inst./Fund. familiares 6% 61% 39% 56% 17% 22%
Inst./Fund. independentes 67% 33% 22% 44%

Institutos e fundações
familiares se envolvem
menos com o tema e
apresentam menos
disposição para apoiá-lo,
ainda que exista o interesse
em conhecer o campo.

Está se aprofundando
no tema de negócios de
impacto para decidir se
irá apoiá-lo nos
próximos três anos

Tem pouca/nenhuma
familiaridade com o
campo de negócios de
impacto, mas pretende se
informar sobre o tema nos
próximos três anos

Tem familiaridade com o
campo de negócios de
impacto e não apoia nem
tem intenção de apoiar nos
próximos três anos

Tem pouca/nenhuma familiaridade
com o campo de negócios de
impacto e não pretende se
aprofundar no tema nos próximos
três anos

Fonte: Censo GIFE 2018, GIFE.

Desafios para o engajamento com o tema
de negócios de impacto social
Decisão institucional e restrições orçamentárias são os
principais desafios no envolvimento com o
tema de negócios de impacto social
41% dos investidores sociais não
enfrentam desafios para
envolvimento no campo

Organizações por principal desafio para atuar com o tema de negócios de impacto
social (2018)

Notas: * organizações não estão alinhadas com conceito/ Não sabem se o ISP deveria apoiar negócios de impacto

** não tem profissionais na equipe com habilidades que o campo requer/ não tem conjunto de parceiros nessa área.

Fonte: Censo GIFE 2018, GIFE.

Caminhos possíveis para o envolvimento
no tema de negócios de impacto social
Como um tema ainda em aprimoramento e expansão, os negócios de
impacto social exigem dos investidores sociais pesquisa e aprofundamento,
de forma a garantir uma tomada de decisão mais consciente sobre se
envolver ou não com o campo. Pipe Social , Aliança Pelos Investimentos e
Negócios de Impacto, Fundações e Institutos de Impacto (FIIMP) e GIFE
são algumas das organizações no Brasil que produzem dados e conteúdo
sobre o tema, além de compartilhar casos e experiências de
negócios de impacto.
Veja algumas análises e recomendações em relação ao
envolvimento dos investidores sociais com o campo de
negócios de impacto.
1
Motivações

Os negócios de impacto podem:

  • oferecer maior sustentabilidade
    financeira e possibilidade
    de escala
  • ser uma forma de fomentar o diálogo
    entre empresas e institutos e
    fundações empresariais

Os investidores sociais têm:

  • possibilidade de enfatizar e
    priorizar a dimensão do impacto
    social e ambiental
  • potencial para incluir a periferia e
    grupos minoritários no ecossistema:
    empoderamento e protagonismo
  • maior flexibilidade e capacidade
    de arriscar
  • possibilidade de investimento em
    momentos estratégicos, importantes para
    a continuidade do negócio de impacto
  • potencial papel articulador entre os
    diferentes atores do ecossistema
2
Dilemas
  • Modelos de negócio não garantem, necessariamente, mais eficiência, eficácia e transparência
  • Negócios de impacto não devem ser vistos como o caminho de futuro ou a evolução natural do ISP, da filantropia ou das OSC, mas sim como mais uma estratégia de atuação para atingir uma sociedade mais justa e igualitária
  • O potencial de inovação, relevância, escala e sustentabilidade econômica estão em fase de comprovação
  • É preciso ter atenção a como os negócios de impacto mantém o equilíbrio entre a dimensão do negócio, o propósito social e o sentido público de sua atuação
3
Recomendações
  • Ousar, abrindo espaço para o novo e para experimentação, mesmo não haja condições ideais
  • Buscar a diversidade de estratégias de atuação complementares e que contribuam para o desenvolvimento de um campo social rico e plural
  • Fortalecer o Ecossistema de Finanças Sociais e Negócios de Impacto até que esteja maduro o suficiente para atrair novos investimentos
  • Sensibilizar os grupos de decisão das organizações – Conselhos, altas lideranças e mantenedoras – para a possibilidade de atuação no campo de negócios de impacto
  • Conhecer mais a fundo o empreendedor e a iniciativa que será apoiada
  • Manter o foco em sua causa, missão e direcionamento estratégico, atuando pelo sentido público de sua missão
  • Buscar apoio e diálogo com pares e outros atores do tema, já experientes; associar-se a outras organizações pode ser interessante
  • Contratar equipe ou consultoria com perfil e trajetória mais voltada ao campo de negócios de impacto
  • Atuar num primeiro momento, via organizações intermediárias, que já têm conhecimento acumulado – apoiar diretamente os negócios de impacto pode ser muito mais desafiador em fases iniciais de trabalho nesse campo
  • Exercitar a empatia, buscando compreender o lugar e o momento dos negócios de impacto apoiados

Veja mais detalhes na publicação do GIFE Olhares sobre a atuação do
investimento social privado no campo de negócios de impacto

que aborda o tema.