Descrição do projeto

Mulheres apropriadas de mecanismos de autoproteção, com redução dos danos causados pela vivência em situação de prostituição/exploração no Jardim Itatinga e com acesso a direitos e novas oportunidades de vida, é impacto do projeto Oásis.

A iniciativa foi construída a partir de um processo de escuta das mulheres, que sugeriram um espaço direcionado para elas, onde possam expor suas escolhas, sem julgamento e com orientações sobre as novas possibilidades de vida fora do circuito exploratório em que estão inseridas. Como relatam ainda um desgaste emocional pelo medo, a violência que estão expostas, o descaso e ausência de políticas públicas, reforçam que, ao se fortalecerem no contexto socioemocional, terão mais clareza para cuidar das suas dinâmicas e buscar outras alternativas de vida.

Portanto o projeto atuará junto a essas mulheres no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, ampliação de repertorio para tomada de decisão e em conjunto e com o suporte da equipe técnica, realizarão planos individuais de intervenção e serão totalmente protagonistas na construção do conteúdo da exposição sobre suas vivências e narrativas.

O público-alvo será de 15 beneficiárias diretas, sem moradia própria, com histórico de prostituição/ exploração. Nessa faixa etária geralmente as mulheres se encontram mais adoecidas físicas e emocionalmente, não sendo incomuns quadros de ISTs, quadros depressivos, tentativas de suicídio, sequelas mais agravadas devido ao uso e abuso de álcool e outras substâncias psicoativas, históricos de gestações e em alguns casos, abortos. São mulheres que possuem filhos, na sua maioria é mãe solo. Muitas delas transitam no bairro para trabalhar em período comercial e outras não acessam a cidade para nenhuma finalidade e, por medo, permanecem no bairro. Essas Mulheres, devido a faixa etária, biotipo já desgastado pela condição de vida, são consideradas “descartadas” para a atividade sexual comercial.

O território de abrangência está localizado no Jardim Itatinga, região sudoeste da cidade de Campinas - SP, no encontro das rodovias Santos Dumont e Bandeirantes. Sendo o único bairro planejado para a prostituição no país, foi criado durante o regime militar, em 1967, para agrupar todo exercício vinculado à prostituição em uma área distante da cidade, afastando as profissionais do sexo dos moradores da cidade. O bairro Jardim Itatinga possui uma circulação estimada de 2.000 profissionais do sexo por mês, viabilizando o funcionamento de mais de 200 casas de prostituição de diversos tamanhos, segundo dados do Centro de Saúde Santos Dumont – Jardim Itatinga. Um fator para o agravamento das condições de risco e vulnerabilidades, é a ausência de acesso dessas mulheres a equipamentos públicos que possam além de garantir direitos, ofertar a proteção necessária para o rompimento com o circuito exploratório a que estão expostas.

A pretensão é que o projeto Oásis seja um divisor de águas junto a mulheres com histórico de prostituição e/ou exploração, proporcionando a elas novas oportunidades de vida e que não reincidam no circuito exploratório. Ainda que se construa uma rede de apoio formada pelas próprias mulheres e que possam multiplicar saberes, acolher e fortalecer outras, na medida em que o projeto se consolida.

Como atualmente existem poucas ofertas de projetos, ações voltadas diretamente a mulheres em situação de prostituição e/ou exploração e compreendendo a complexidade e atravessamentos deste território, a metodologia do Oásis será avaliada e compilada ao final do projeto, a fim de subsidiarem ações futuras. O projeto será submetido a outros editais de projetos sociais, visando a sua continuidade e/ou ampliação de grupo de mulheres.

O projeto totaliza um orçamento de R$ 301.207,68 (Trezentos e um mil, duzentos e sete reais e sessenta e oito centavos), com a participação da Fundação FEAC em R$ 208.695,60 (Duzentos e oito mil, seiscentos e noventa e cinco reais e sessenta centavos) e R$ 92.512,08 (Noventa e dois mil, quinhentos e doze reas e oito centavos) em contrapartida econômica da própria organização executora.