Descrição do projeto
As mulheres são um dos públicos prioritários da atuação do Instituto Cactus. Por isso, desenhamos um projeto específico para o cuidado com a saúde mental desse público e escolhemos a Casa de Marias para ser nossa parceira nesse projeto, pela sua expertise em promover o acolhimento de mulheres em situação de vulnerabilidade. Além do suporte em inteligência estratégica, o projeto de acolhimento psicológico emergencial para mulheres negras, indígenas e periféricas em situação de vulnerabilidade contou também com o aporte financeiro do Instituto Cactus.
Além de contribuir para a democratização do acesso aos cuidados em saúde mental ao proporcionar atendimento emergencial para mulheres, o projeto teve como objetivo identificar e gerar aprendizados sobre possíveis modalidades de acolhimento psicológico para uma atuação cada vez mais efetiva e eficaz, seja no âmbito público ou privado da assistência.
A iniciativa foi coordenada por um grupo de mulheres negras que atua com olhar especial para as questões que envolvem classe, gênero, raça e território nas práticas de cuidado. Durante 6 meses, o projeto disponibilizou 288 vagas, de forma gratuita, em duas modalidades: grupos de acolhimento emergenciais e plantões de emergência. Este acompanhamento foi realizado de forma virtual com o objetivo de facilitar o acesso e reduzir a resistência dessas mulheres ao processo psicoterapêutico.
Vale ressaltar que sob a orientação da equipe do Instituto Cactus, foram adotados olhares específicos e abordagens adequadas para esse público, considerando não somente questões individuais, mas também, aspectos estruturais.
Por isso, o projeto contou com duas modalidades:
1. Plantão psicológico: com a função de acolher e compreender demandas pontuais e emergenciais das mulheres atendidas, essa modalidade funcionou como porta de entrada para outros tipos de atendimento, com encaminhamentos para o trabalho terapêutico individual ou de grupo, quando necessário.
2. Grupos abertos de acolhimento emergencial: com frequência semanal, os grupos rotativos de acolhimento contavam com o suporte de uma equipe formada por duas psicoterapeutas e uma supervisora, possibilitando que um número maior de mulheres fossem atendidas. Esta modalidade se mostrou importante por reforçar a potência desse tipo de acolhimento nos serviços de saúde mental, por proporcionar a escuta e identificação com outras mulheres, assim como a tomada de consciência sobre o caráter estrutural de sofrimentos psicológicos das mesmas.